06/12/09

DAVYDENKO É FILHO DE UM DEUS MENOR

A multa de Serena Williams mereceu maior destaque mediático do que a vitória de Nikolay Davydenko no Masters. O russo anda há cinco anos no top ten mundial mas quantos espectadores compram bilhetes para vê-lo jogar, por exemplo, no Estoril Open, que venceu em 2003 e foi finalista em 2006 e 2008?

Contam-se pelos dedos das mãos. Pagar garantias por Davydenko só pelo prestígio e não pelo seu valor no mercado, não obstante os 19 títulos do palmarés, a vitória na Taça Davis de 2006, os três sucessos em Masters 1000 (Paris-Bercy 2006, Miami 2008, Xangai 2009) e o triunfo no Masters de Londres (Barclays ATP World Tour Finals).

A qualidade tenística do franzino campeão de 1,78 metros e 68 quilos é indiscutível. Nos últimos meses, derrotou Nadal e Djokovic em Xangai, e em Londres bateu Nadal, Soderling, Federer e Del Potro, ou seja, quatro dos cinco primeiros do ranking e os vencedores dos torneios do Grand Slam de 2009!

Mas a falta de carisma, que contrasta com a popularidade das hilariantes conferências de imprensa, penaliza-o na hora de capitalizar fora do court as proezas que consegue dentro dele.

Federer angaria 24 milhões de euros por ano só em patrocínios, enquanto Sharapova atinge os 14 milhões. Davydenko é dos que mais auferem em prémios oficiais (9 milhões de euros de carreira) e em garantias de presença, mas tem de gerir bem essa verba por duas razões: ele próprio repete à exaustão, meio a brincar meio a sério, que a sua bela mulher, Irina, é uma sorvedoura de dinheiro; e os proventos publicitários são nulos.

Em Londres, admitiu que a Prince deixara de patrociná-lo porque, "com a crise, ficou sem dinheiro e deu tudo o que tinha à Sharapova". E como o russo nascido na Ucrânia, teme que "com outra raqueta possa sair do top-ten", prefere jogar sem contrato. Há uns meses, queixou-se de que as roupas Airness que o equipam não lhe pagavam há um ano por falta de verbas… felizmente os sapatos Asics ainda lhe dão algum, já não sendo necessário pedir emprestadas sapatilhas ao compatriota Tursunov como em 2007.

Em 2007 e 2008, Davydenko foi mais falado pelas suspeitas de envolvimento em apostas viciadas (das quais foi ilibado) do que pelos resultados desportivos e não espantou quando admitiu que ninguém lhe pediu um único autógrafo toda a semana do Masters.

Não quer ser "tão famoso como o Federer ou o Nadal", mas agora que Safin se reformou pede mais "popularidade na Rússia". Magoa-o estar na sombra de Kafelnikov, Safin e Sharapova. A diferença é que essa tróica de russos ganhou torneios do Grand Slam. O Masters é importante mas não é um major. Para ficar na história terá de conquistar um dos "quatro grandes" e aos 28 anos já está a jogar contra o tempo.

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